Fabrício Provenzano, Aline Bonatto e Roberta Hoertel
Mensagens de despedida e símbolos de luto começaram no início da tarde desta quarta-feira a ilustrar o perfil de amigos da estudante Monique Rocha Marques, de 24 anos, na rede social Facebook. Casada há pouco mais de 6 meses, a estudante de radiologia deixa um filho de 5 anos, após morrer no acidente com um ônibus da linha 484, que terminou com cinco mortos, na noite de terça-feira, na Avenida Brasil, na altura do Caju. Além dela, a enteada Kátya Cândido, de 15 anos, a estudante Thaís Fidélis da Silva, de 14 anos, Maurício dos Santos, de 40 anos e Márcia Adriano Lourenço Pacheco de Oliveira, de 33 anos, também morreram. Pelo menos outras 21 pessoas se feriram no acidente.
Monique Rocha Marques, de 24 anos e a enteada Kátya Cândido, de 14, estavam no ponto, por volta das 22h, quando o motorista invadiu o lugar atropelando as vítimas. Monique voltava para casa vindo do trabalho de sua loja de bolsas no Caju. Acostumada a voltar de carona com o marido, ela não tinha costume de pegar ônibus na região. Monique chegou a ligar para Ricardo Cândido para avisar que um primeiro ônibus, que faz a linha 397 (Caju – Bangu), não havia parado e que, por isso, elas iriam demorar a chegar em casa. Logo depois aconteceu o acidente.
Há três meses, Monique havia se mudado para Bangu, na Zona Oeste, onde morava com o filho de 5 anos, marido e a enteada. As jovens se encontraram no ponto depois de Kátya visitar a mãe e buscar alguns pertences na casa antiga. Elas morreram na hora, imprensadas entre o ônibus e o muro.
Revoltada, a avó de Kátya, Marinalva Gomes dos Santos, disse que a família pretende processar a empresa do ônibus.
– Vou entrar na justiça. O que eles fizeram foi um absurdo. E não estão dando nenhuma assistência para as familias das vítimas – afirmou.
Bastante abalado, o marido de Monique, Ricardo Cândido, esteve hoje no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer os corpos da mulher e da filha. As duas serão enterradas amanhã às 9h no cemitério do Caju.
Thaís Fidélis, 14 anos, morta no acidente Thaís Fidélis, 14 anos, morta no acidente Foto: Reprodução da internet
Thaís Fidélis da Silva, de 13 anos, era amiga de Kátya e, vendo-a parada no ponto de ônibus, resolveu parar para conversar. O sonho da jovem era ser modelo. Thaís também morreu na hora do acidente.
A outra vítima, Maurício dos Santos, de 40 anos, morava em Bangu, era noivo e o casamento estava agendado para agosto. Ele voltava do trabalho quando foi atingido pelo ônibus. Como era Dia dos Namorados, a noiva pediu que saísse mais cedo, mas não conseguiu.
Em nota, a empresa lamentou o ocorrido:
“A Viação City Rio lamenta profundamente o sofrimento causado a dezenas de famílias cariocas pelo acidente envolvendo um de seus ônibus. Funcionários da empresa estão percorrendo os hospitais para fazer o acompanhamento das vítimas. A empresa esclarece que está apurando as responsabilidades, mas informa que relatos preliminares indicam que o ônibus foi abalroado por outro veículo na lateral e traseira esquerda, o que teria provocado o acidente. A City Rio vê com reservas as informações sobre imprudência e abuso de velocidade e roga que se esperem os resultados da perícia técnica. Sobre as multas do veículo acidentado, recebidas nos últimos três anos, as infrações foram cometidas por motoristas diferentes em situações pontuais, portanto, não servem como indicativo de comportamento perigoso e propensão a acidentes.”
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